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Hidrocefalia e alterações da dinâmica liquórica

A hidrocefalia é o acumulo de líquor cefalorraquidiano – LCR (líquido cerebral-espinhal) na cabeça em áreas específicas do cérebro chamadas de ventrículos. A doença pode ser congênita ou adquirida. O LCR produzido nos ventrículos e nos plexos coróides, circula através de um sistema de canais no sistema nervoso central (SNC) e é reabsorvido na corrente sanguínea. O líquor tem grande importância na proteção do SNC visto que auxilia no amortecimento de impacto e por ser completamente estéril, ajuda a proteger contra a entrada de substâncias ou microrganismos que possam lesar o cérebro. Na hidrocefalia ocorre um desequilíbrio entre a quantidade produzida e absorvida levando ao aumento dos ventrículos e da pressão intracraniana.

Imagem Tratamento Hidrocefalias

A doença pode acometer adultos e crianças, porém apresenta diferenças importantes de diagnóstico e tratamento em cada faixa etária.

O diagnóstico é realizado através de anamnese, exame físico e exames complementares (neuroimagem e/ou exame do líquor).

A história clínica e sintomas da doença difere em crianças, adultos e idosos. Alguns casos podem ser agudos e outros crônicos.

Os exames de imagem utilizados são tomografia, ressonância magnética ou cisternocintilografia. Em alguns casos é necessária a coleta do líquor que é feita através de punção por agulha na porção lombar ou cervical alta.

O tratamento deve ser individualizado. Em casos de meningite ou hemorragia cerebral, quando indicada, pode ser feita uma derivação ventricular externa (DVE). Neste tratamento um cateter é inserido no crânio para desviar para fora o líquor cerebral. Após o tratamento da doença (hemorragia ou infecção) se faz necessário um tratamento definitivo se o paciente se tornar dependente do desvio da circulação liquórica (shunt) ou o cateter simplesmente é retirado e o fluxo liquórico restabelecido.

Em situações de obstrução do fluxo liquórico ou falha da absorção um tratamento definitivo se faz necessário. Pode ser realizado uma derivação ventrículo-peritoneal em que o cateter craniano drena o líquor por um cateter que passa por baixo da pele e é implantado no abdome, na cavidade peritoneal, onde o líquor é reabsorvido para a corrente sanguínea. Caso a cavidade abdominal/peritoneal apresente alguma contraindicação para receber o implante de cateter outro sítio pode ser escolhido, como por exemplo uma veia cervical que drena para o átrio do coração (derivação ventrículo-atrial).

Em algumas hidrocefalias obstrutivas é possível fazer um tratamento através de neuroendoscopia. Neste tratamento o neurocirurgião faz um pequeno orifício no crânio (bem como no tratamento com DVE ou DVP). Através de visão endoscópica e auxílio de instrumentos neurocirúrgicos faz comunicações entre as cavidades por onde o líquor circula criando atalhos. Neste caso dispensa o implante de dispositivos definitivos como a DVP.

Existe um subtipo peculiar de hidrocefalia que acomete predominantemente idosos que se chama HPN (hidrocefalia de pressão normal). Neste caso há uma dilatação ventricular, porém, em um contexto fisiológico de pressão intracraniana “normal”. Estudos ainda são necessários para esclarecer exatamente a fisiopatologia desta doença. Neste caso o neurocirurgião pode implantar válvulas de DVP convencionais ou ajustáveis de acordo com fluxo ou pressão.

A hidrocefalia é uma doença complexa e o tratamento deve ser individualizado.

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