Tratamentos > Tratamento Aneurisma Cerebral

Aneurismas cerebrais ou intracranianos são dilatações que se formam na parede das artérias que irrigam o cérebro, como uma espécie de uma pequena bexiga e que podem se romper um dia, provocando hemorragia e podendo levar a sequelas graves ou ao óbito.
Imagem Tratamento Aneurisma Cerebral
Essas dilatações formam-se no decorrer da vida e estão associados tanto a fatores endógenos, ou seja, relacionados a características individuais, como a fatores externos ou controláveis como o hábito de fumar e a hipertensão arterial.

Os aneurismas podem acometer pessoas de qualquer idade e de ambos os gêneros, embora sejam levemente mais comuns nas mulheres e a faixa etária de maior incidência é entre os 30 e 60 anos.

A grande parte dos aneurismas é assintomática, ou seja, silenciosos. Apesar do mito geral relacionado à dor de cabeça, não existe correlação direta entre ter dores de cabeça e ser portador de aneurisma cerebral. O que acontece é que a principal manifestação da ruptura de um aneurisma é uma dor de cabeça muito forte e repentina, do tipo explosiva! Daí a confusão. Entretanto, os aneurismas não-rotos são, em geral, silenciosos. Excepcionalmente, eles podem apresentar um grande crescimento e, por efeito de seu volume, promover compressão de estruturas neurais provocando sintomas neurológicos semelhante a um tumor.

Estima-se que ocorram, em média, 10 rupturas de aneurismas para cada 100 mil habitantes por ano. A ruptura de um aneurisma é um evento catastrófico, com risco de morte ou de sequelas graves entre 30 a 50% dos casos. Quando ocorre uma ruptura, o indivíduo manifesta intensa dor de cabeça, explosiva, que se inicia do nada, relatada como a pior dor de cabeça que já teve na vida ! Muitas vezes, a pessoa apresenta também confusão mental, elevação da pressão arterial e, quase sempre, dor com rigidez na nuca. Outros casos mais graves são atendidos já em estado de coma ou, em até 10% dos casos, já morrem antes mesmo de receberem qualquer atendimento.

Os aneurismas podem ser identificados por exames não-invasivos, como angiotomografia e angioressonância, ou por método invasivo, no caso Angiografia Cerebral , que é o melhor estudo para avaliar todos os aspectos da vasculatura cerebral, bem como na definição do tratamento do aneurisma. Entretanto, como é um exame invasivo, ou seja, existe risco à saúde, não deve ser realizado indiscriminadamente na tentativa de se fazer uma busca ativa por aneurismas na população geral.

Existem , basicamente, duas formas de se intervir para o tratamento de uma aneurisma. A primeira e mais antiga é através da clipagem cirúrgica do aneurisma, por meio da realização de uma pequena abertura na cabeça e implantação de um clipe metálico que fecha a dilatação externamente. A outra forma, mais recente, é através da exclusão do aneurisma mediante acesso pelo próprio vaso, ou seja, internamente, mediante acesso por cateteres e microdispositivos que navegam de um ponto numa artéria da virilha até a região do aneurisma no cérebro. Essa última técnica é também conhecida como Endovascular ou Embolização. A sua grande vantagem é de ser menos agressiva, com menor tempo de internação e melhor recuperação pós-operatória.

O tratamento endovascular é realizado, geralmente, por meio da deposição de microespiras de platina destacáveis(também conhecidas como molas) no interior do aneurisma até o seu completo entupimento. Às vezes, torna-se necessário utilizar outros dispositivos de proteção como microbalões ou pequenas malhas tubulares chamadas de stents, para se evitar o escape das molas para o interior do vaso saudável. Dispositivos mais recentes, conhecidos como stents diversores de fluxo, estão sendo usados para aqueles aneurismas mais complexos, eles conseguem excluir os aneurismas da circulação cerebral, preservando o fluxo sanguíneo normal e até dispensam o uso de molas. Diferentemente da técnica cirúrgica convencional, que já atingiu o seu apogeu, a cirurgia endovascular continua desenvolvendo novos dispositivos e novos conceitos, tornando o tratamento cada vez mais seguro e eficaz. A literatura médica mundial já reconhece que a técnica endovascular é superior à técnica convencional por clipagem nos casos de aneurismas rotos, ou seja, oferece menor risco de sequelas ou morte. Entretanto, o tratamento endovascular é uma técnica cara e requer grande investimento em equipamentos e formação técnica, duas grandes limitações em nosso país.

Embora a ruptura de um aneurisma seja um evento catastrófico para um indivíduo, não se deve tratar indiscriminadamente qualquer aneurisma. Os aneurismas não-rotos, que são descobertos incidentalmente sem evidência de sangramento, e que apresentam pequenas dimensões, podem ser apenas acompanhados com exame de imagem periodicamente. Isso se justifica devido ao baixo risco de ruptura desses pequenos aneurismas, cujo o risco do tratamento, seja por cirurgia convencional ou endovascular, suplanta o risco da própria doença. Quando nos deparamos com aneurismas rotos ou mesmo aneurismas não-rotos porém de maiores dimensões, então não há discussão, a cirurgia é mandatória.

É recomendável que parentes de primeiro grau de pacientes portadores de aneurisma façam exames direcionados para a pesquisa dessas lesões, uma vez que a chance de também terem um aneurisma é maior do que na população geral. É também altamente recomendável que pacientes portadores de aneurisma mantenham um controle rigoroso da pressão arterial e abandonem o hábito de fumar, pois ambos estão fortemente relacionados ao desenvolvimento e à ruptura de um aneurisma.

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